Exposição família Eugénio de Almeida abre a 6 de junho

 

 

Vida e obra de uma família visionária, empreendedora e humanista

Fundação Eugénio de Almeida promove Exposição “Deus, Labor et Constantia: a família Eugénio de Almeida”

 

O Paço dos Condes de Basto, em Évora, recebe a exposição Deus, Labor et Constantia: a família Eugénio de Almeida. A mostra integra as celebrações do cinquentenário da Fundação Eugénio de Almeida e do centésimo aniversário do nascimento do seu Instituidor, Vasco Maria Eugénio de Almeida.

 

De 06 de junho a 11 de outubro, a Fundação Eugénio de Almeida tem patente, no Paço dos Condes de Basto – edifício emblemático da cidade de Évora e do país e Monumento Nacional – a exposição Deus, Labor et Constantia: a família Eugénio de Almeida, uma mostra que dá a conhecer o itinerário percorrido pelos antepassados do instituidor da Fundação Eugénio de Almeida e o impacto da sua ação na sociedade portuguesa nos séculos XIX e XX.

 

A mostra decorre nas salas do piso térreo do Paço dos Condes de Basto e propõe uma viagem às origens da família Eugénio de Almeida e, em particular, ao caráter empreendedor e de serviço público que orientou a intervenção dos membros mais destacados da família, de que são exemplo José Maria Eugénio de Almeida (1811-1872) e o bisneto, Vasco Maria Eugénio de Almeida, que em 1963 criou a Fundação Eugénio de Almeida, uma homenagem ao seu legado familiar.

 

Durante o circuito expositivo o visitante tem a oportunidade de percorrer alguns dos espaços da antiga residência de Vasco Maria Eugénio de Almeida em Évora, designadamente a Sala de Jantar, a Sala Oval ou a Sala de Armas, e contatar com a realidade pessoal e familiar dos Eugénio de Almeida através de diversos objetos de uso quotidiano da casa ou de arte decorativa. Compõem ainda a mostra peças associadas à atividade económica da família, como a arca do Contrato do Tabaco, Sabão e Pólvora, que constituiu um negócio fundamental na acumulação de uma das maiores fortuna do século XIX em Portugal e a base para a realização de novos investimentos, em especial os de natureza fundiária.

 

A exposição é enquadrada por um filme documentário sobre a família que destaca a ação dos seus principais representantes desde o final do século XVIII até 1975 e permite conhecer o percurso assinalável do nome Eugénio de Almeida e as origens do património, princípios e valores que estiveram na origem da Fundação Eugénio de Almeida.

 

No dia da inauguração da exposição, a 06 de junho, realiza-se ainda, pelas 18h30, a conferência Vasco Maria Eugénio de Almeida: Uma Vida ao serviço das pessoas, proferida por Maria Elvira Marques, Mestre em História Económica e Social Contemporânea e coautora da biografia de Vasco Maria Eugénio de Almeida.

 

A família Eugénio de Almeida

Radicada em Lisboa, onde residia no Palácio de São Sebastião da Pedreira, a família Eugénio de Almeida destacou-se nos séculos XIX e XX em Portugal por um notável espírito empreendedor, materializado numa carteira de negócios diversificada e orientada para a inovação, em especial nos sectores industrial e agrícola.

As origens da família remontam à figura incontornável de José Maria Eugénio de Almeida, a quem se deve, não só a acumulação da fortuna que serviu de base à atividade económica das gerações seguintes, mas também a definição dos princípios e valores, sintetizados no lema “Deus, Labor et Constantia”, que guiaram a ação dos seus descendentes.

Nascido em 1811, José Maria Eugénio de Almeida, formou-se em direito pela Universidade de Coimbra. Em 1843 casa com Maria das Dores Silva e Teixeira, filha de José Joaquim Teixeira, um importante negociante da Praça de Lisboa, aliança que lhe permitiu integrar entre 1846 e 1858 a sociedade que assegurou o lucrativo Contrato do Tabaco, Sabão e Pólvora. Paralelamente, revelou estar atendo às oportunidades que surgiram com as transformações sociais e económicas operadas pelo triunfo do Liberalismo, em especial no que se refere à emergência de um mercado fundiário resultante, em grande parte, da extinção das ordens religiosas e dos morgadios, tornando-se num dos maiores proprietários do país. O sucesso no universo dos negócios conferiu-lhe o reconhecimento público. Para além de deputado, foi também Par do reino, Conselheiro de Estado e Provedor da Casa Pia de Lisboa, instituição onde operou uma profunda reforma dos currículos, de modo a garantir uma maior adequação da formação às necessidades do mercado de trabalho.

Falecido em 1872, a obra de José Maria Eugénio de Almeida, teve continuidade no seu filho, Carlos Maria Eugénio de Almeida. Formado em Engenharia Agrícola, Carlos foi o grande responsável pela consolidação da estratégia agrícola da família, denunciada no próprio título da tese, A viticultura como meio de regenerar e enriquecer a província do Alentejo, apresentada aquando da conclusão do curso. Esta estratégia foi também responsável pela aproximação decisiva ao Alentejo, com a conversão do Convento da Cartuxa em casa de residência da família em Évora e em sede da administração das propriedades em toda a província. Após a sua morte, a administração dos negócios da casa é assumida durante cerca de 25 anos pela mulher, Maria do Patrocínio Barros Lima, num período particularmente conturbado, marcado pela 1.ª Guerra Mundial e pela grande depressão, em que viu também falecerem os dois filhos que chegaram à idade adulta, João Maria Eugénio de Almeida (Conde de Arge) e José Maria Eugénio de Almeida (Conde de Vill’Alva).

 

A sucessão na família foi assegurada pelo filho deste último com Antónia Gomes de Albuquerque Magalhães, Vasco Maria Eugénio de Almeida. Nascido em 1913, seguiu os mesmos estudos do pai e do avô, concluindo o curso de Engenheiro Agrícola em 1936. Desde muito cedo acompanha os negócios da família e auxilia a avó, Maria do Patrocínio Barros Lima, na administração do vasto património fundiário da casa, período em que aprofundou a sua ligação ao Alentejo e à cidade de Évora, a cujo destino se ligou de forma indelével através da ação mecenática e filantrópica que desenvolveu sobretudo entre 1940 e 1975. Entre as iniciativas que liderou ou impulsionou encontra-se a edificação do Hospital do Patrocínio, a cedência de terrenos para a construção do Aeródromo de Évora e de um Bairro Social na Horta das Figueiras, ou o regresso do ensino superior a Évora, cerca de 200 anos após a extinção da Universidade de Évora. Outra das suas áreas de intervenção foi a recuperação e requalificação do património histórico da cidade, com destaque para a conservação e restauro do Convento da Cartuxa, do antigo Palácio da Inquisição e do complexo de edifícios do Páteo de São Miguel, onde se insere o Palácio dos Condes de Basto, que adquire em 1957 num avançado estado de ruína. Em 1963 instituiu a Fundação Eugénio de Almeida que assim se tornou legatária do património e dos valores da família. A obra que deixou fala por si, e é também a justa homenagem aos seus antepassados e ao lema estabelecido pelo bisavô, Deus, trabalho e perseverança, cujo significado será o objeto da exposição a ter lugar, justamente, no Palácio dos Condes de Basto, onde Vasco Maria Eugénio de Almeida residiu, nas suas estadias em Évora, entre 1970 e 1975.

 

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