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ARTE SACRA NO CONCELHO DE REGUENGOS DE MONSARAZ O trabalho de inventariação no Concelho de Reguengos de Monsaraz deu a conhecer interessantes peças de arte sacra do período setecentista, como «uma rara caixa de hóstias em cobre esmaltado, de origem chinesa, e um terço Indo-português com contas de marfim lavrado»*. Dois exemplos do diálogo «entre as culturas Cristã e Oriental resultante da ocupação político-militar, da missionação e das dinâmicas comerciais»* que se mantém até hoje. Veja estas e outras peças no volume «Arte Sacra no Concelho de Reguengos de Monsaraz». Consulte, também, a página do projeto do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora para ficar a saber mais sobre as manifestações artísticas associadas à fé cristã nos vários concelhos da Arquidiocese de Évora. *Cónego Eduardo Pereira da Silva, in «Arte Sacra no Concelho de Reguengos de Monsaraz» |
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DIA INTERNACIONAL DOS ARQUIVOS Em 1960 a revista «A Cidade de Évora» publicou duas plantas da autoria de [Jerónimo Alcântara Limpo Pimentel], com a representação das ramificações do Aqueduto da Água da Prata dentro das muralhas, [em 1856]. Antes dos inestimáveis «prodígios» do saneamento básico, que apenas se generalizaram no século XX, o abastecimento de água à cidade dependia, em grande medida, do aqueduto pelo que não estranha a atenção dada a esta estrutura nos registos da época. Para além de referir a quantidade de água a distribuir pelos vários pontos da cidade, a legenda do documento está também repleta de topónimos e nomes de locais que continuam a ser utilizados no quotidiano eborense; outros caíram em desuso e constituem uma evidência das dinâmicas urbanas e da evolução da cidade e da sua história. Há 60 anos, o documento foi cedido para publicação pelo Instituidor da Fundação e hoje, como então, faz parte do acervo do Arquivo e Biblioteca Eugénio de Almeida. No dia em que se assinala o Dia Internacional dos Arquivos partilhamos, agora, a versão que resultou do «restauro digital» de que o documento foi recentemente objeto, mas, muito especialmente, evocamos todos aqueles que ao longo do tempo, através dos seus estudos e trabalhos de investigação, para além de permitirem evidenciar a importância dos arquivos para a preservação da memória coletiva, contribuíram também para acrescentar conhecimento à História da cidade de Évora. Pode fazer AQUI download do ficheiro pdf com as imagens do documento em grande formato. Pode também ver o vídeo do «antes e depois» do tratamento digital do documento. |
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ARTE SACRA NO CONCELHO DE MONTEMOR-O-NOVO Criar condições para que o património cultural religioso possa ser usufruído de forma sustentável é promover a cultura do país a um nível superior. Visitá-lo é transformar os seus elementos arquitetónicos, artísticos, históricos, simbólicos e até paisagísticos num importante recurso económico sobretudo para as comunidades que representam. Esta é uma das razões porque não deve perder uma visita a um destes locais da Arquidiocese de Évora que se promovem na coleção de arte sacra, a linha editorial do projeto do Inventário Artístico realizado por uma equipa de historiadores e superiormente orientado pelo Dr. Artur Goulart de Melo Borges entre 2002 e 2014. |
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ARTE SACRA NO CONCELHO DE PORTEL As manifestações artísticas associadas à fé cristã no Concelho de Portel constituem o volume do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora que damos a conhecer esta semana. Da Nossa Senhora com o Menino, venerada em altar próprio na Igreja Matriz de Portel, ao Relicário do Santo Lenho, com origem provável na Sicília que pode ser visto na Igreja de Vera Cruz, apresenta-se mais uma publicação que reúne o olhar e o trabalho da equipa que visitou as igrejas e as capelas das freguesias do concelho de Portel. |
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ARTE SACRA NOS CONCELHOS DE ELVAS, MONFORTE E SOUSEL Que milagre sustenta a extraordinária devoção a Nossa Senhora de Brotas? Que obra do pintor espanhol Luis de Morales, o divino, pode ser apreciada numa igreja de Elvas? São memórias coletivas que se materializam e testemunhos da presença de artistas que perpetuam o nosso sentido de pertença à comunidade. Hoje apresenta-se um novo volume desta coleção: Arte Sacra nos Concelhos de Elvas, Monforte e Sousel. Com um roteiro da autoria do Professor Jorge Rodrigues que enquadra historicamente os locais de culto desta região, o livro reúne nas suas páginas exemplos da excelência da arte na Arquidiocese de Évora. Boa leitura! |
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ARTE SACRA NO CONCELHO DE VILA VIÇOSA No concelho de Vila Viçosa – o vale viçoso que o foral de D. Afonso III privilegiou em 1270, existe um lugar de devoção onde a fé de um povo e a sua História se tocam: o santuário de Nossa Senhora da Conceição. É neste lugar particular que permanece uma imagem da Virgem que diz a tradição ter sido oferenda do Santo Condestável – D. Nuno Alvares Pereira. A mesma que D. João IV, confiando-lhe a proteção do Reino, coroou como Padroeira e Rainha de Portugal em 1646, em agradecimento pelo sucesso da Restauração da Indep?endência. |
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ARTE SACRA NO NORTE ALENTEJANO São peças como a imagem de Nossa Senhora do Rosário e o cofre relicário pertencente a D. Pedro [1429-1466], Infante de Portugal e Duque de Coimbra, que nos mostram, na riqueza de materiais e na mestria do trabalho artístico, a forma como, ao longo do tempo, cada artesão se reviu nas palavras de Moisés: “Encheu-o do espírito de Deus, que lhe deu sabedoria, inteligência e capacidade para toda a espécie de trabalho; tornou-o apto a idealizar obras, a trabalhar o ouro, a prata e o bronze; a gravar pedras e a cravá-las, a trabalhar a madeira e a executar toda a espécie de trabalho artístico” (Ex,35 31-33). |
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Eduardo Salavisa - O Desenhador do Quotidiano “Nasceu em Lisboa. Gosta de viagens longas, sem itinerário marcado e de preferência pelo Sul, onde possa desenhar obsessivamente”. Foi com duas frases simples - como gosta também de desenhar - que Eduardo Salavisa resumiu a sua nota biográfica no Heritage Indoor Sketchers em julho de 2019 quando, pelo segundo ano a Fundação realizou o encontro de Urban Sketchers, desta vez no Convento Santa Maria Scala Coeli e no Enoturismo Cartuxa, numa coorganização com a Associação Urban Sketchers de Portugal onde estiveram presentes, para além dos participantes, outros autores do desenho livre: João Catarino, Rosário Félix, Teresa Ruivo, Célia Burgos e Inma Serrano. Assista ao filme, com realização de José Alfaro e produção de bicho-do-mato, aqui. E Reveja as imagens do encontro aqui. |
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ARTE SACRA NO CONCELHO DE ESTREMOZ Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Livro propomos-lhe a leitura do segundo volume da coleção do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora – “Arte Sacra no concelho de Estremoz”. Um livro que apresenta um extraordinário acervo artístico que a Arquidiocese de Évora ainda conserva e cujo processo de inventariação permitiu identificar e classificar com o objetivo de o proteger, conservar e de o dar a conhecer ao público em geral. Com um texto de enquadramento histórico assinado por Hugo Guerreiro destaca-se, nesta edição, sob a forma de retábulo, a Árvore de Jessé – a representação iconográfica da genealogia de Jesus, um dos temas mais distintivos da devoção Mariana e um dos traços mais marcantes da religiosidade do povo português. |
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ARTE SACRA NO CONCELHO DE ARRAIOLOS Considerada como um contributo determinante para a valorização de um legado de gerações de artistas e artesãos que souberam expressar, de forma única, a fé de uma comunidade e construir todo um referencial artístico e cultural representativo da cultura portuguesa, a coleção de arte sacra da qual se apresenta aqui o primeiro volume editado: Arte Sacra no Concelho de Arraiolos, resulta do trabalho de investigação, registo e tratamento de informação realizado pela equipa multidisciplinar de técnicos do projeto do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora ao longo de 12 anos. Organizados pelos 24 concelhos que perfazem a área geográfica da Arquidiocese, os livros que reúnem informações sobre as mais belas e valiosas peças inventariadas, textos de conceituados historiadores e imagens do fotógrafo Carlos Pombo Monteiro serão, a partir de agora, disponibilizados online ao ritmo de um volume por semana pelo que se propõe um convite à sua descoberta e fruição. Fique atento. |
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PAÇO DE SÃO MIGUEL No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a Fundação Eugénio de Almeida associa-se à iniciativa da Direção-Geral do Património Cultural propondo duas atividades para famílias: um vídeo e um caderno de atividades sobre o Paço de São Miguel. "Património Partilhado, Culturas Partilhadas, Responsabilidade Partilhada" A Fundação mantém este compromisso com os seus públicos e convida-o a partilhar o resultado das atividades propostas e ainda ideias ou memórias deste espaço. Estamos à distância de um clique. Fique connosco. Partilhe connosco. |
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de Évora no ano de 1929 |
ÉVORA Em 1929 José César de Sá (1905-1976) produtor, realizador e diretor de fotografia - atividade na qual se afirmou como um dos melhores do seu tempo -, realizava o documentário “Évora”. Registava-se pela primeira vez em película, sem som, o quotidiano eborense, assinalando na sua narrativa os costumes, a arquitetura e os principais monumentos da cidade, numa instrumentalização pedagógica desta arte, utilizada para uma certa construção de identidade nacional que proliferava nas primeiras décadas do século XX português. Vivia-se a primeira fase da História do Documentário (1922-1960). Este registo da produtora Lisboa Filme, que a Fundação Eugénio de Almeida exibiu no Paço de São Miguel no âmbito da exposição Say Cheese em 2017, faz parte do importante património fílmico português que tem vindo a ser preservado e disponibilizado online pela Cinemateca Portuguesa e que pode ser visto aqui. Fique com esta memória da cidade. |
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O SANTO LENHO DA SÉ DE ÉVORA Em época de Páscoa propomos, através do livro "O Santo Lenho da Sé de Évora", um olhar histórico, artístico e devocional para um dos símbolos religiosos mais conhecidos em todo o mundo: a cruz do suplício de Cristo. Com textos de Rui Galopim de Carvalho, Artur Goulart, Gonçalo Vasconcelos e Sousa e Fernando Jorge Fialho, esta obra integra a coleção de publicações do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora, resultado da parceria entre a Fundação Eugénio de Almeida e a Arquidiocese de Évora desenvolvida ao longo de mais de 12 anos. |
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Pormenor da Carte-de-visite de Domingos António Fiúza, lavrador da Herdade da Pereira |
SAY CHEESE A invenção da fotografia tornou o “retrato” acessível a um número cada vez maior de pessoas. Os "carte-de-visite", retratos de pequeno formato oferecidos a familiares, a amigos ou a alguém com quem se mantinha uma relação de cordialidade, foram uma moda no século XIX que, num certo sentido, conferiu também à fotografia um papel na construção da imagem que o “eu” pretendia partilhar ou projetar socialmente; ou até da que se desejava pudesse subsistir muito para além do tempo de uma vida. Ironicamente, na ausência de registos escritos que os identifique, muitos desses rostos que o “retrato” preservou do tempo, permanecem hoje num total anonimato. No vídeo "O Retrato", realizado para a exposição “Say Cheese”, que teve lugar em 2017 no Paço de São Miguel, registámos quem foram e o que fizeram algumas destas pessoas, para o que contámos com a preciosa colaboração dos seus descendentes e do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora. |
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ARQUIVO E BIBLIOTECA EUGÉNIO DE ALMEIDA Em 1864 José Maria Eugénio de Almeida (1811-1872) adquiriu a António Pedro Delgado um amplo edifício situado no Largo da Porta de Moura que, integrado nos bens do Morgado da antiga Casa de Santa Cruz e Gouveia, pertencera ao último Duque de Aveiro - condenado no Processo dos Távoras - e aos Marqueses do Lavradio. Na documentação da Casa Eugénio de Almeida é referido como o Palácio da Porta de Moura, local onde a família projetou fixar a residência de Évora. A planta mais antiga deste “palácio” existente no Arquivo e Biblioteca Eugénio de Almeida, de 1871 (fig.1), é da autoria do Engenheiro Nicolas Le Crenier que, por essa época, para além de colaborar no projeto de construção da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, fora encarregado pelo bisavô do Instituidor da Fundação, de fazer o levantamento cartográfico das suas herdades em Évora e de supervisionar os trabalhos de preparação e colocação dos respetivos marcos de delimitação. A planta que assina em 1871 terá sido uma das que constava no “rolo com as plantas” referido numa carta de José Maria dirigida a Le Crenier dando-lhe conta dos desencontros e mal-entendidos originados pela remessa destes documentos através do caminho de ferro de Évora para Lisboa. De acordo com José Maria Eugénio de Almeida: “Aconteceu, porém, um incidente deplorável a propósito da entrega do rolo com as plantas que V. Sa. me remeteu e de que fazia menção a sua carta. Mandei, por umas poucas de vezes, procurar ao caminho de ferro as plantas que tinha remetido o Senhor Le Crenier. Ou fosse porque o meu empregado não se soubesse explicar bem, ou porque os empregados do caminho de ferro se equivocassem, respondiam sempre que não havia plantas algumas remetidas pelo Senhor Le Crenier. Resolvi, pois, eu próprio, ir procurá-las. E tendo obtido a mesma resposta negativa pude reconhecer, depois de algum trabalho, que os empregados do caminho de ferro entendiam pela palavra plantas, arbustos e como não vissem arbustos alguns na relação das coisas remetidas de Évora, respondiam sempre que não tinham chegado as plantas do Senhor Le Crenier (…)”[1] O segundo conjunto de desenhos é da autoria de Francisco Goullard[2] e César Goullard que em 1875 fazem novo levantamento da planta (fig. 2) e apresentam um primeiro projeto (fig.3), nunca concretizado, para a reedificação do Palácio da Porta de Moura, provavelmente, por encomenda de Carlos Maria Eugénio de Almeida que, após a morte do pai, em 1872, e visto as casas do Convento do Carmo terem cabido em partilhas à sua irmã Gertrudes Magna do Nascimento de Jesus, procurava um local para estabelecer a sua segunda residência em Évora. A proposta dos irmãos Goullard passava por uma solução arquitetónica relativamente austera, na qual é possível vislumbrar algumas similitudes com as cavalariças e cocheiras do Parque de Santa Gertrudes, em Lisboa, também propriedade da família, designadamente, pela linha de merlões, ameias e guaritas que confere a ambos os edifícios um aspeto acastelado e revivalista. O segundo projeto para a reedificação do Palácio da Porta de Moura (fig. 4) é da última década do século XIX e encontra-se assinado por Eduardo Augusto da Silva[3], um “velho” conhecido da família Eugénio de Almeida desde os tempos em que José Maria e, depois, o seu filho, Carlos, tinham exercido o cargo de Provedores da Casa Pia de Lisboa, instituição onde Augusto da Silva tinha sido, na sua juventude, aluno e, mais tarde, depois de frequentar a Academia de Belas-Artes de Lisboa, professor da cadeira de desenho industrial. Bastante mais arrojado do que a proposta dos irmãos Goullard, este projeto também não viria a ser desenvolvido. A opção da família Eugénio de Almeida para estabelecer uma residência em Évora recaiu, então, nas casas do Convento da Cartuxa que se tornou a sede da exploração da casa agrícola durante toda a primeira metade do século XX. Quanto ao antigo Palácio da Porta de Moura, ficou sobretudo conhecido na voz da cidade como Palácio do Farrobo. Ocupava o espaço do atual Tribunal Judicial da Comarca de Évora. NOTAS
[1] ALMEIDA, José Maria Eugénio de - [Carta] 1871 mar. 19, Lisboa [a] [Nicolas] Le Crenier, Évora [Manuscrito]. 1871. F. 78. Copiador de Correspondência Expedida. Arquivo e Biblioteca Eugénio de Almeida, Évora, Portugal. AR: 1/PORT: 1/2/PRAT: 4/LIV: 27. [2] Francisco Goullard faleceu em 1888, do que deu nota, em obituário, o Diário Illustrado. Ver Francisco Goullard. Diário Illustrado [Em linha]. N.º 5328 (1888-02-08), p. 1. [Consult. 2020-03-30]. Disponível em WWW: http://purl.pt/14328 [3] Os trabalhos de Eduardo Augusto da Silva, entre os quais se conta o projeto do mausoléu de Alexandre Herculano para a Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos, são recordados em dois artigos de 1888, no Diário Illustrado e em O Occidente. Ver Eduardo Augusto da Silva. Diário Illustrado [Em linha]. 5477 (1888-07-09), 4 p. [Consult. 2020-03-30]. Disponível em WWW: http://purl.pt/14328 |
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PAÇO DE SÃO MIGUEL Embora muito alterado na sua estrutura, o Paço de São Miguel tem origens na Idade Média, época em que se encontrava integrado no antigo Castelo de Évora. No vídeo que partilhamos, propomos um percurso breve pela sua história desde os tempos dos Cavaleiros ou Freires de Évora até à atualidade. |
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PAÇO DE SÃO MIGUEL Na Sala da Conversadeira, no 1.º piso do Paço de São Miguel, encontra-se um retrato a carvão do escritor português Ramalho Ortigão, bisavô pelo lado materno de Maria Teresa Burnay de Almeida Bello Eugénio de Almeida. Em frente do retrato, sobre uma mesa, estão (ainda) vários volumes de uma edição antiga de As Farpas, uma das suas obras mais conhecidas e que o consagraram como um dos nossos maiores cronistas. Numa dessas crónicas, publicada em maio de 1879, recorda a figura singular de Caldas Aulete, escritor, pedagogo e linguista, então recentemente desaparecido e de quem Ramalho Ortigão destaca alguns traços de personalidade: «Extremamente anémico, magro, derreado, como quem verga ao peso permanente de uma constipação e de um lumbago friorento, vestido com três coletes e outros tantos paletós, ia pela rua vagarosamente, obliquamente, num pequeno passo indeciso, um pouco oscilante, de nariz no ar, como quem procura vagamente alguma coisa ou como quem espera alguém. Ao encontrar um amigo, um conhecido, tinha exclamações alegres, de espírito satisfeito. Para onde ia o outro? para cima? para baixo? para a direita? para a esquerda? Pouco lhe importava isso: Caldas agradecia esse encontro de acaso, rendia-se-lhe, ia para onde o outro fosse (…) No fundo das algibeiras dos seus três casacos trazia sempre consigo as provisões necessárias: o tinteiro, as penas e os lápis, o papel em branco, os manuscritos, as provas tipográficas, os lenços de assoar, um pacote de rapé no seu respetivo chumbo, um par de meias, um par de sapatos [e] um livro de leitura para entreter as pessoas adultas (…) Se o abandonassem, era capaz de ficar a trabalhar por esse modo, fazendo, como ele dizia, o seu croché, oito, dez ou doze horas indefinidamente, enquanto tivesse papel na mesa, tinta no tinteiro, rapé no chumbo (…)»* Uma das virtudes apontadas por Ramalho Ortigão a Caldas Aulete era a atenção que dedicava aos amigos que se encontrassem doentes e a forma singular como os distraía durante a convalescença sempre que em tais casos não era possível fazer viagens ou grandes deslocações para fora de Lisboa. Algo, aliás, que, com as devidas ressalvas, encontra algumas semelhanças nos nossos dias, mas com a diferença de, como se descreve no excerto que se segue, o espaço de uma cidade a que Caldas Aulete estava então confinado, ser hoje, por razões profiláticas, consideravelmente mais reduzido e corresponder apenas ao interior das nossas casas. «Quando algum dos seus amigos adoecia, Caldas Aulete acampava em casa dele, para o tratar, para lhe fazer companhia. Tinha em casa do enfermo um par de sapatos, permanentes, um chumbo de rapé suplementar e – suprema prova de afeição – chegava a deixar lá ficar o croché, de reféns, de uns dias para os outros (…) Entreter os convalescentes e distrair os cismáticos era outra das suas especialidades. ‘Levem-no para fora de Lisboa, é absolutamente preciso distraí-lo’, diziam os médicos a respeito de um amigo dele. Mas, como o sair de Lisboa era impossível, Caldas resolveu distrair o seu amigo fazendo-lhe ver na cidade aspetos inteiramente desconhecidos, cuja impressão devia equivaler à de uma viagem em país estranho. Tinha feito estudos para este fim e sabia de becos, de vielas, de botequins, de tabernas, dos sítios em que se exerciam as indústrias de deitar cartas e de levantar espinhelas – finalmente, de um conjunto de coisas interessantes, que levavam muitos dias a ver e que eram tão originais e tão estranhas como as que se passassem na China.»* ORTIGÃO, Ramalho - As Farpas Completas: o País e a Sociedade Portuguesa. [Lisboa]: Círculo de Leitores, 2006. Vol. 2, p. 341-344. ISBN 978-972-42-3941-5. |
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A GRIPE PNEUMÓNICA A RTP voltou a exibir recentemente, através do seu canal de informação, o episódio do programa História a História, da autoria do Professor Fernando Rosas, sobre a "Gripe Pneumónica - A Pandemia de 1918-1919". De acordo com o Historiador, a Gripe Espanhola, nome pelo qual ficou sobretudo conhecida, "foi a mais grave e mortífera da História da Humanidade", vitimando, segundo os estudos epidemiológicos mais recentes, entre 50 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Como respondeu o país há mais de um século ao caráter pandémico da pneumónica? Qual foi o papel do Dr. Ricardo Jorge no combate à doença? Que medidas foram então tomadas? O documentário, emitido pela primeira vez em novembro de 2018 e disponível na RTP Play, é uma sugestão para quem tenha curiosidade em saber mais sobre a pandemia de 1918-1919. |
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PAÇO DE SÃO MIGUEL Através do programa "Estamos em casa", o nosso Serviço Educativo disponibiliza cadernos com propostas de atividades relacionadas com o Paço de São Miguel e o Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, pensadas para crianças e jovens entre os 4 e os 12 anos e que podem ser realizadas em conjunto com pais e educadores. Estamos em casa… mas estamos juntos! Convidamos todos a partilhar os seus resultados connosco, enviando-nos imagens ou vídeos para o endereço de email servicoeducativo@fea.pt. Semanalmente, partilharemos alguns destes trabalhos nas nossas redes sociais! Contamos com a vossa participação! |
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ESTÁ AÍ ALGUÉM? |
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VISITA GUIADA |
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