Publicações do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora
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CONCELHO DE ALANDROAL
"Nossa Senhora da Boa Nova ou Igreja de Santa Maria de Terena, como era referida na Idade Média é seguramente a igreja mais emblemática do concelho do Alandroal e um monumento único na tipologia de Igreja Fortaleza em Portugal. Edifício em que as soluções militares se sobrepõem às soluções religiosas, revela-se antes de mais, pela conceção espacial – uma torre de planta cruciforme, centrada – que, segundo se pode inferir da representação de Duarte D’Armas teria cobertura em forma terraço. O coroamento de ameias, a presença de matacães, quer no interior quer nos balcões que encimam todas as portas de entrada do pequeno templo, ou as seteiras, são elementos característicos da arquitetura militar que aqui foram criteriosamente aplicados." | Ana Cristina Pais
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CONCELHO DE ALCÁCER DO SAL
“A cidade de Alcácer do Sal foi Salacia nos tempos Romanos, sendo mesmo designada durante algum tempo como Salacia Urbs Imperatoria. Os Muçulmanos denominaram- na Alcácer – Qasr, que quer dizer palácio ou castelo. Foi esta palavra que lhe perdurou no nome, acrescentando-se-lhe do Sal, em finais do século XV, para a distinguir de Alcácer Ceguer, conquistada pelos portugueses em 1458. (…) Desde a Idade Média fez parte integrante da diocese de Évora. Mesmo com a vitória portuguesa de 1217 chefiada pelo bispo de Lisboa D. Soeiro Viegas, este não conseguiu pôr a vila sadina sob o poder da diocese de Lisboa, sendo Alcácer reintegrada na diocese eborense.” | Maria Teresa Lopes Pereira
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CONCELHO DE ARRAIOLOS
“A tradição dá Arraiolos como de fundação pré-romana e fala de um governador de nome Rayeo, do qual derivaria o seu nome. Da época romana é o templo cujas ruínas ainda hoje são bem visíveis na igreja de Santana do Campo, a poucos quilómetros da vila. Já integrada no Reino de Portugal, a herdade de Arraiolos foi doada por D. Afonso II, em 1217, ao bispo de Évora, com o direito de fazer castelo. Este só viria a ser erguido no reinado de D. Dinis, já no início do século XIV, quando a povoação voltara à posse da corte. Foi primeiro conde de Arraiolos, a quem a vila fora doada, D. Álvaro Pires de Castro, que também foi o primeiro condestável de Portugal. E foi segundo conde de Arraiolos o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que nela viveu largas temporadas (…)” | Manuel J. C. Branco
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CONCELHO DE BENAVENTE
“Benavente é um concelho sul-ribatejano (no Distrito de Santarém e Arquidiocese de Évora) e as suas origens remontam aos alvores do século XIII. O seu território, na proximidade dos rios Sorraia, Tejo e Almansor, sofreu algumas alterações ao longo dos séculos. Com as reformas do liberalismo deu-se a anexação, em 1836, de Samora Correia e seu termo. Completam hoje o quadro atual do concelho as freguesias de Barrosa, Benavente, Santo Estêvão e Samora Correia (…) Foi em Benavente que se veio a construir a principal comenda da Ordem de Avis. Chava-se mestral porque era exclusivamente reservada para a dotação do mestre ou da mesa mestral (…)” A época moderna ficou profundamente marcada, no dealbar do século XX, pelo terramoto de 23 de abril de 1909, cujas consequências se refletiram por muitos anos, tendo modificadoa fisionomia da vila de Benavente (...) | Mário Justino Silva
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CONCELHO DE BORBA
“Borba teve ocupação humana, seguramente, desde a época romana, existindo uma villa no perímetro urbano - a Cerca - donde se retirou uma epígrafe funerária em mármore, hoje guardada na Biblioteca Municipal. Na época visigótica, manteve a ocupação humana assente na agricultura, existindo um friso decorado com elementos vegetalistas, desse período, no Palácio Alvarez. Segundo a lenda, o topónimo de Borba provêm de um peixe de rio – o barbo - abundante numa lagoa que existiria no local, interpretação que justificou, ainda na época medieval, que esse peixe figurasse nas armas municipais. A vila foi integrada no reino cristão de Portugal, por volta de 1217, juntamente com outras localidades envolventes (…)” | João Miguel Simões
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CONCELHO DE CAMPO MAIOR
"O atual espaço concelhio de Campo Maior foi habitado desde a Pré-História, como o comprovam o menir que serve de coluna de apoio de um edifício na Bocada da Praça e o espólio de um povoado erguido no Cabeço de Santa Vitória, nas proximidades da Ermida de São Joãozinho, atribuído à primeira metade do III milénio antes de Cristo. (…) Com a invasão do sul da Europa pelos denominados povos bárbaros do norte do Continente e a queda do Império Romano do Ocidente no séc. V, os visigodos instalaram-se na parte sul da Península Ibérica, à qual pertencia a área do atual concelho de Campo Maior, onde, convertidos ao cristianismo no ano 589, se mantiveram até à tomada da Península pelos árabes, nas primeiras décadas do séc. VIII." | Rui Rosado Vieira
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CONCELHO DE CORUCHE
“Ex-libris de Coruche, [o Santuário de Nossa Senhora do Castelo] ergue-se num monte que tem a vila a seus pés, no vetusto sítio do Castelo, sobranceiro à lezíria do Sorraia e com uma vasta panorâmica para a charneca que liga esta região sul-ribatejana ao Alentejo. O fervoroso culto é muito antigo. Segundo consta em documento anexo ao Estudo Histórico de Coruche, de Margarida Ribeiro, a sua origem poderá estar relacionada com a carta-ordem de D. Jorge de Lencastre (1481- 1550), Mestre da Ordem de Santiago e de Avis, datada de 13 de junho de 1516, em que se mandava fazer uma solene procissão em honra de Nossa Senhora, no dia 2 do mês de julho, dia da Visitação a sua prima Santa Isabel. D. Jorge de Lencastre cumpria ordens de D. Manuel I, de acordo com o disposto na carta régia de 27 de maio desse ano (…)” | António Gil Malta
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CONCELHOS DE ELVAS,
MONFORTE E SOUSEL
“As primeiras referências a uma Alba, de origem céltica, referida por Plínio, apontam para a fundação, no local onde hoje se ergue a parte alta da actual cidade de Elvas, de um castro que os romanos ocuparão sob o nome de Elvii, aí construindo um castelum e organizando o burgo que os Godos depois habitarão, perdendo-o em 714 para as hostes muçulmanas de Tarik. A Ielche islâmica, descrita pelo Geógrafo Edrisi, em cerca de 1090, como “lugar fortificado, rodeado de campos férteis, com intenso comércio e belas mulheres” capitulará por sua vez perante as hostes de D. Sancho II, em 7 de Setembro de 1228, após prolongado e penoso cerco. Às fortificações célticas e romanas sucederam as islâmicas e cristãs medievais, em três cercas sucessivas (…)” | Jorge Rodrigues
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CONCELHO DE ESTREMOZ
"É com a reconquista cristã desta área geográfica, certamente por volta da tomada de Évora em 1165 por Giraldo o Sem Pavor, salteador a que a tradição dá também a conquista de Evoramonte e Estremoz, que voltamos a ter dados relativos a esta zona. Impulsionada pela pacificação geral do reino e delimitação fronteiriça, tem início o povoamento de Estremoz, Evoramonte e Veiros. D. Afonso III começa por dar os meios para gestão do burgo e seu termo, atribuindo foral a Estremoz em 1258, o mesmo fazendo a Evoramonte no ano de 1271. O monarca refundou o castelo de Estremoz em 1261." | Hugo Guerreiro
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CONCELHO DE MONTEMOR-O-NOVO
“Apesar dos inúmeros vestígios arqueológicos existentes no concelho, dos quais destacamos a Gruta do Escoural, ou as inúmeras antas e menires que pontuam o território e atestam um povoamento antiquíssimo, não dispomos de dados para confirmar a fundação de Castrum Malianum, no período romano, conforme é tradição referir-se. Efetivamente, só após a conquista de Évora, no final do século XII, se pode falar da existência de um núcleo urbano, que funcionaria como baluarte de Évora, que D. Sancho I confirmou, atribuindo-lhe carta de foral em 1203.” | Ana Maria Borges
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CONCELHO DE MOURÃO
"Apesar dos vestígios de ocupação anterior, foi diferenciadamente quanto a uma continuidade de grupos locais que a Vila de Mourão emergiu como localidade nos inícios do séc. XIII, em contexto final da Reconquista e consolidação dos domínios hispano–cristãos peninsulares. É uma história que se inicia quando os soberanos de Leão e Castela fundaram o Castelo, entregando-o aos Cavaleiros da Ordem de S. João do Hospital (Ordem dos Hospitalários ou Ordem de Malta), e eventualmente deslocando a população já existente desde um primeiro foco que ficou conhecido como a Vila Velha, que não sobreviveu aos séculos (…) A Vila de Mourão é definitivamente integrada no Reino quando, em 1296, recebe o foral de D. Dinis, um ano antes do Tratado de Alcanices (1297) quando as fronteiras ibéricas ficaram definidas (...)" | Manuel F. S. Patrocínio
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NORTE ALENTEJANO
(AVIS, FRONTEIRA,
PONTE DE SÔR E MORA)
"Em 1166 é fundada na cidade de Évora, para auxiliar no combate aos mouros no Sul, onde a reconquista cristã avançava penosamente, a ordem militar dos Freires de Évora, como ficam inicialmente conhecidos, ligada aos espanhóis de Calatrava e integrando os cavaleiros que auxiliaram Geraldo-sem-Pavor a conquistar a cidade no ano anterior. Seguindo a Regra de S. Bento e perfilhando a reforma cisterciense, a estes monges-cavaleiros será feita doação, em 1211, das terras de Avis, onde se instalam em 1214 (...)" | Jorge Rodrigues
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CONCELHO DE PORTEL
"A génese do atual município de Portel remonta ao Século XIII e está intimamente ligada a uma das figuras mais importantes da medievalidade portuguesa: D. João Peres de Aboim. A recompensa pelos serviços prestados durante toda a vida, terá sido uma das razões que levou o rei D. Afonso III, no ano de 1258, a “sugerir” ao concelho de Évora que doasse parte do seu termo em torno de “Portel Mafomade” a D. João de Aboim, seu fidelíssimo vassalo. Entre 1258 e 1260, os concelhos de Évora e Beja procediam à demarcação do herdamento, a qual veio a ser confirmada por carta régia a 12 de Outubro de 1261. Três dias depois, D. Afonso III passava carta de couto a D. João de Aboim, formando-se assim o Senhorio de Portel, espaço de afirmação do poder régio, através de um homem da sua confiança, entre os dois concelhos mais importantes do Sul, Évora e Beja (...)" | Ana Pagará
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CONCELHO DE REDONDO
"Com rigor histórico, podemos admitir, que a primeira Carta de Foral de Redondo foi outorgada por D. Dinis, em 27 de abril de 1318, seguindo o modelo de Santarém, o que obrigou o monarca a ordenar a construção do castelo, em 1319. O rei D. Manuel I atribuiu o Foral da Leitura Nova, em 20 de outubro de 1516, em que se ampliaram as regalias do concelho. Na segunda década do século XV, em 1418, por solicitação dos Procuradores da vila, D. João I concedeu a Redondo o privilégio de se tornar num ponto de escala obrigatória para todos os viajantes, que transitassem de Évora para Vila Viçosa ou Alandroal. Era a solução possível para impedir o decréscimo da população da vila, que resultou plenamente (...)" | João Cardoso Azaruja
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CONCELHO DE REGUENGOS DE MONSARAZ
"Dentro do património construído de vocabulário cristão, temos as igrejas matrizes, a que se juntam diversas capelas, ermidas e pequenos oratórios, testemunhando diferentes épocas tanto no estilo arquitetónico como nos elementos decorativos, alojando ainda significativo património móvel. O que hoje podemos desfrutar, em termos de património edificado, guarda em si uma intensa marca de ruralidade, simbiose de diversas influências artísticas e culturais, denunciadas, por exemplo, nos materiais que foram preferidos e nas técnicas de construção utilizadas (...)" | Antónia Fialho Conde
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CONCELHO DE VENDAS NOVAS
“No início do Século XVI, a região entre Aldeia-Galega (o Montijo) e Montemor-o-Novo constituía uma charneca praticamente deserta. As viagens entre essas duas povoações, faziam-se normalmente por Landeira e Cabrela, ou por Canha. No interior dessa charneca, na década de 1520, ia nascer o povoado que viria a ser Vendas Novas… A sua origem provável e desenvolvimento - e até a própria denominação – devem atribuir-se a alguns acontecimentos então ocorridos quase em simultâneo…” | Artur Aleixo Pais
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CONCELHO DE VIANA DO ALENTEJO
"O primeiro foral das Alcáçovas foi concedido por D. Martinho I, bispo de Évora e está datado de 17 de Agosto de 1259, segundo o tipo Évora-Ávila. Mais tarde, Afonso III classifica-a de vila e reintegra-a nas posses da coroa, outorgando-lhe uma nova carta de foral em Évora, datada de 26 de Abril de 1279, que D. Dinis irá ampliar em 28 de Novembro de 1283. Atribui-se ao rei lavrador a iniciativa de amuralhar a vila, facto que, por nunca se ter consumado, permitirá anos mais tarde o reaproveitamento desse mesmo material pétreo para a edificação da igreja matriz, do Paço Real e de outras construções locais (...)" | Frederico Nunes Carvalhal
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CONCELHO DE VILA VIÇOSA
"Uma excecional conjugação de fatores tornou possível a aparição duma Fénix real: Vila Viçosa. Não serão muitos os exemplos paralelos ao que se foi modelando na história calipolense. Aqui, o ideal pátrio conjugou-se com santidade e determinação; os valores da nobreza conjugaram-se com o sentido de servir o bem comum; construiu-se a história dos homens com uma confiança incomensurável que só do Céu nos podia vir, num rosto maternal. O resultado é esta harmonia ideal que brota dadivosa num vale viçoso e que é um convite perene à convivialidade agradecida (...)" | Mário Tavares de Oliveira
"O conteúdo gemológico da Cruz Relicário do Santo Lenho da Sé de Évora é notável a vários títulos. Não só aqui se contam quase 1400 pedras, como também se releva a sua natureza e qualidade, em alguns casos, invulgarmente excecional. Interessante também é a interpretação desta composição gemológica à luz do que era o mercado de gemas no período de atribuição da peça, última década do séc. XVII (…) O objetivo primordial de uma abordagem gemológica é a identificação e caracterização de materiais, bem entendido, gemológicos. [O] estudo centra-se numa obra histórica de volumetria apreciável de finais do séc. XVII e em que todas as pedras se encontram engastadas, ou seja, cravadas ou aplicadas em metal." | Rui Galopim de Carvalho
"Doze anos passados, percorridas que foram pela equipa de inventário dezenas de igrejas e capelas, identificados milhares de objetos com a respetiva recolha de informações, introdução na base de dados informatizada e um sem número de fotografias, está globalmente terminado este projeto. (…) Até hoje foram sendo publicados catálogos, por concelhos, com uma seleção das peças mais significativas nas diferentes áreas; cultual, artística, cultural e histórica. (…) Meio milhar de peças de grande qualidade, saídas das mãos de tantos artistas famosos ou desconhecidos, ficou assim à disposição de todos para que possam continuar a testemunhar a fé e a sentida religiosidade das comunidades cristãs." | Artur Goulart
"Rui Galopim de Carvalho adiciona à leitura do gemólogo a visão atenta de alguém que vai acompanhando a contextualização historiográfica da joalharia em Portugal. As pequenas notas que vai aduzindo ao estudo central denotam uma transversalidade de saberes, fundamental em obras desta natureza, e que potenciam a abertura de pistas, sobretudo em áreas que a sinceridade intelectual do Autor deixa em aberto. Com todos os aspetos enunciados, consulta-se este livro, não só como um instrumento de trabalho, rigoroso e cientificamente estruturado, como também como um roteiro para uma viagem pela história dos materiais gemológicos (…) guiado pela pena proba do Autor." | Gonçalo de Vasconcelos e Sousa"