Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli

1583 – 1587 | dos projetos à construção do mosteiro

O mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, tal como hoje se encontra é o resultado de uma evolução de cinco séculos pontuada por sucessivas alterações de uso, formas e matérias que, ao longo do tempo, foram sendo integradas no conjunto arquitetónico. Em 1583, D. Teotónio de Bragança escreveu ao Papa Gregório XIII a manifestar a sua profunda devoção pela Ordem da Cartuxa e o desejo de financiar a construção da primeira casa em Portugal. O seu pedido foi homologado e o Capítulo Geral da Ordem enviou um grupo de sete monges, com vista à fundação de um mosteiro sob a advocação de Santa Maria Scala Coeli – A Escada para o Céu. A comunidade de sete monges chegou a Évora no dia 8 de setembro de 1587. D. Teotónio de Bragança elegeu o arquiteto e engenheiro militar Giovanni Vincenzo Casale para a conceção do projeto. Terminadas as obras de maior envergadura e encontrando-se o mosteiro habitável, os monges mudaram-se para a nova casa no dia 15 de dezembro de 1598.

1834 – 1871 | o mosteiro com e sem monges

Em 1834, com a revolução liberal, as ordens religiosas masculinas foram extintas. A comunidade, então composta por dezassete monges e mais seis provenientes de Vallis Misericordia, foi expulsa e os seus bens confiscados. O mosteiro foi integrado na Fazenda Nacional e transitou entre várias utilizações pouco duradouras que conduziram, progressivamente, à sua ruina. Em 1871 foi adquirido pelo par do reino, José Maria Eugénio de Almeida. O seu filho, Carlos Maria Eugénio de Almeida, decidiu instalar nesse espaço a sede da Casa Agrícola Eugénio de Almeida no Alentejo.

1940 – 1960 | a reconstrução por Vasco Maria Eugénio de Almeida

Em 1940, Vasco Maria Eugénio de Almeida – instituidor da Fundação Eugénio de Almeida – herdou o mosteiro e decidiu o devolver à sua função original. As obras de reabilitação decorreram entre 1948 e 1960. Após cento e vinte e seis anos, no dia 14 de setembro de 1960, a vida contemplativa regressava ao mosteiro de Santa Maria Scala Coeli. Foram sete monges que o fundaram em 1587 e sete foram chamados para o refundar em 1960. Tanto a fundação (1584-1604) como a refundação (1948-1960) se deveram à profunda dedicação de dois homens: D. Teotónio de Bragança e Vasco Maria Eugénio de Almeida.


Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, Cartuxa de Évora [c. 1948]
(Arquivo e Biblioteca Eugénio de Almeida)

Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, Cartuxa de Évora [c. 1953]
(Arquivo e Biblioteca Eugénio de Almeida)

2019 | um novo capítulo

A comunidade cartusiana, reduzida a quatro monges e um irmão converso, despediu-se da cidade de Évora no dia 31 de outubro de 2019, com as portas da clausura abertas, pela primeira vez, a todos os eborenses. A Fundação Eugénio de Almeida, enquanto proprietária do mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, manteve a vontade do seu instituidor, garantindo a sua finalidade espiritual. No dia 4 de setembro de 2022 o mosteiro retomou a clausura com a instalação das monjas do instituto “Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará”, o ramo feminino da Família Religiosa do Verbo Encarnado, fundada na Argentina em 1984.


AQUI NÃO SE FALA, RESPIRA-SE

Da reabilitação do Mosteiro à relação dos monges com a cidade de Évora, convidamo-lo a descobrir na série Aqui não se fala, respira-se um edifício emblemático - património da Fundação Eugénio de Almeida, mas também dos eborenses - e a conhecer a sua história e a de quem o habitou.