Anta Murteira de Cima
A Anta da Murteira de Cima é uma sepultura coletiva do Neolítico final (segunda metade do 4.º milénio a.C.), construída com blocos de granito e originalmente coberta por um montículo de terra e pedras (a mamoa).
No contexto regional, é um monumento de dimensões médias com a estrutura pétrea relativamente bem conservada e inserida num contexto paisagístico de elevada qualidade. Apresenta, como é habitual no Alentejo, uma câmara funerária de sete esteios e um corredor, orientado a Nascente; apresentando-se sem um dos esteios da câmara, a cobertura e algumas tampas de corredor.
A Anta é referida pelo arqueólogo alemão Georg Leisner numa publicação do final da década de 1940. Posteriormente, em data incerta, a câmara terá sido escavada e vandalizada.
Em 2007 foram realizados trabalhos arqueológicos que tiveram por objetivo contextualizar os danos provocados pela ação humana e estabilizar estruturalmente o monumento. Nas crivagens das terras depositadas junto à câmara, foram recuperados interessantes objetos votivos neolíticos, entre os quais pontas de seta e lâminas de sílex, contas de colar de xisto, cerâmicas e muitos fragmentos de placas de xisto decoradas com motivos geométricos, uma das mais famosas produções artísticas e simbólicas da pré-história alentejana.
A mamoa, melhor preservada no lado Norte, evidencia ainda vestígios de reutilização, também como necrópole, cerca de 3500 anos após a sua utilização inicial.
A escavação realizada em 2019 permitiu identificar uma estrutura funerária secundária, com duas sepulturas de inumação junto ao corredor que datam do período tardo-romano/visigótico (séc. IV-VI d.C.). Esta intervenção permitiu recolher na sepultura que apresentava melhor estado de conservação, objetos de adorno e um jarro em cerâmica.