Sala Ramalho Ortigão
A designação Sala Ramalho Ortigão deve-se ao retrato a carvão que aqui se encontra do conhecido escritor, romancista e cronista português do século XIX e dos primeiros anos do século XX, bisavô da Senhora D. Maria Teresa Burnay de Almeida Bello, viúva do Instituidor da Fundação, Vasco Maria Eugénio de Almeida.
No seu percurso literário, Ramalho Ortigão ficou sobretudo conhecido por ser o autor de As Farpas, conjunto de crónicas que começou por escrever com Eça de Queirós. As Farpas constituíram uma caricatura da sociedade do século XIX português, uma sátira aguda à política, à cultura, aos costumes e a tudo o que afastava o país da “Europa Civilizada”.
Uma outra obra que granjeou o reconhecimento literário de Ramalho Ortigão, escrita a duas mãos com Eça de Queirós, foi o Crime da Estrada de Sintra.
Ramalho Ortigão pertenceu à famosa Geração de 70, mais tarde autodesignada como os Vencidos da Vida. No essencial, os membros do grupo aspiravam a uma transformação da sociedade portuguesa que a ligasse aos movimentos modernos da Europa, para o que promoveram as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, mais vulgarmente conhecidas como as Conferências do Casino.
Dessa geração fizeram parte alguns dos maiores vultos da cultura portuguesa da segunda metade do século XIX, como foram os casos de Antero de Quental, Oliveira Martins e Guerra Junqueiro. Outro dos intelectuais que integrou os Vencidos da Vida, foi Eça de Queirós, um dos maiores romancistas portugueses de todos os tempos, cuja vida também se entrecruza com a história da família Eugénio de Almeida. Uma vez concluído o curso em Coimbra, José Maria Eça de Queirós vem trabalhar para Évora a convite de José Maria Eugénio de Almeida, como redator do jornal Distrito de Évora.
Nesta sala há ainda a destacar, ao centro uma “conversadeira”, cadeira de assento duplo cujo formato em “s” representa uma solução ergonómica para que duas pessoas possam manter uma conversação confortavelmente sentadas frente-a-frente. Esta peça de mobiliário é também conhecida como “namoradeira”.
No topo oposto ao retrato a carvão de Ramalho Ortigão encontra-se um arcaz do século XVII, composto por dois gavetões e alçado com duas portas almofadadas na parte exterior, e pintura com motivos orientais ao gosto chinoiserie no interior.