Os Tetos Pintados do Paço dos Condes de Basto
O antigo Paço de S. Miguel ou dos Condes de Basto, morada dos Castros de Treze Arruelas a partir de c. 1475, apresenta o mais completo e articulado programa de tetos pintados da arte palaciana em Portugal no século XVI, distinguindo-se não só pela qualidade, extensão e bom estado de conservação do conjunto decorativo como também pela absoluta singularidade, em termos nacionais, da sua iconografia profana, mitológica e alegórica . O programa, executado em vida de D. Diogo de Castro, capitão-mor de Évora e pai do 1º Conde de Basto, estende-se pelos tetos artesoados de três salas do piso térreo do Palácio, evidenciando uma unidade estilística que permite atribuir a direção e execução essencial da obra ao pintor Francisco de Campos, que assinou e datou, de 1578, uma das pinturas murais da primeira sala. A sala datada é de planta elíptica, a cobertura decorada com um centro de árvores entrançadas onde brincam pequenos putti e onde se veem a toda a volta representações de ninfas da mitologia clássica. A sala seguinte apresenta no teto painéis em que se inscrevem figuras de crianças brincando com animais ou montando cornucópias, enquanto na parte superior das paredes se pintaram paisagens, cartelas com símbolos solares e lunares, ainda putti e uma cena de batalha representando a tomada de La Goleta, bastião militar de Tunis. A terceira divisão é o grande salão, dividido em tramos por pares de colunas toscanas, que suportam uma abóbada abatida dividida por painéis losangulares, que recebem no seu interior decorações fresquistas de teor diversificado mas predominantemente zoomórfico: o combate entre a cegonha e a serpente; a oposição entre um pavão de cauda esplendorosamente aberta, e outro de cauda recolhida; a águia majestática, sobrepondo-se a duas esfinges afrontadas, a fénix e a íbis, entre muitos outros.