03-02-2024 > 05-05-2024

Centro de Arte e Cultura, Piso 1

Metade dos minutos, PQ23, Ângela Rocha © Bruno Simão

Metade dos minutos

Representação Oficial Portuguesa na 15.ª Quadrienal de Praga - PQ23 - Prague Quadriennial of Performance Design and Space. Ângela Rocha

INSTALAÇÃO ARTÍSTICA IMERSIVA

De terça-feira a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00 | Entrada livre


Metade dos Minutos é o título da instalação artística desenvolvida pela artista Ângela Rocha, através da qual, e sob o comissariado da Direção-Geral das Artes, representou oficialmente Portugal, em 2023, na 15ª Quadrienal de Praga (PQ23), uma das mais importantes mostras internacionais nas áreas do design de cena, cenografia e arquitetura teatral. Foi experienciada por mais de 5 mil visitantes e galardoada com o PQ Kids Award. Na apreciação do Júri: «Lúdica, interativa, a exposição portuguesa convida ao uso de todos os sentidos, evocando a pura alegria de explorar um espaço desconhecido. Entrar nela é como caminhar numa terra de sonhos. Foi também esta exposição que mais despertou a imaginação dos visitantes mais jovens.»

Metade dos Minutos vai ser agora apresentada no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, instalado no antigo Palácio da Inquisição. A chamada Sala do Tribunal irá acolher esta proposta curatorial de Ângela Rocha, que dá prioridade ao lugar do visitante como agente ativo e decisor, num alinhamento conceptual com o tema proposto pela PQ23 – Visões Raras. Sob este signo, os artistas foram convidados a imaginar, visualizar, ou até mesmo criar visões raras do futuro, que nos aproximem, toquem profundamente os nossos corações e abram perspetivas inspiradoras e visionárias de mudança. Nas palavras da cenógrafa: «Numa era que impera pelo ruído industrial e pela velocidade, quando me confrontei com a temática da PQ23 foi gritante a necessidade de dar voz ao corpo e enaltecer as mãos e o seu poder transformador e conector com o mundo e o tempo.»

Na visão de Futuro pós-pandemia que propõe, Ângela Rocha apresenta, de forma imersiva, a reivindicação do Presente espacial e temporal, numa instalação-labirinto onde as texturas reagem ao movimento do visitante, permitindo uma experiência tátil. De facto, o núcleo da instalação Metade dos Minutos incide na sua dimensão táctil, hoje cada vez mais desvalorizada e banalizada na função de mera ativadora de ecrãs. Essa reconexão com a experiência do toque será feita através de texturas exploradas de forma saturada, articulando uma realidade de excessos visuais que pretende reanimar a nossa sensibilidade táctil.  Todos os elementos são inteiramente engolidos pela organicidade de texturas num diálogo de afetação entre matéria e corpo, desenvolvido no espectro de contrastes entre o que cativa e o que repele.

O seu formato de labirinto surge como imperativo de movimento e impede a objetificação do lugar, privilegiando o potencial meramente exploratório e colocando o visitante no centro da ação - inevitavelmente num lugar de possibilidades - numa ideia de futuro que é o percurso e não a meta.

Diz Ângela Rocha: «Após um contexto pandémico, a distância tornou-se a medida de todas as coisas, sobrepondo, erradamente, a noção de perigo ao valor do toque. A falta de escuta do corpo num caminho de intelectualização excessiva veda a franqueza e deleite da mera sensação emotiva e ligação plena no estar, do aqui e agora. Metade dos Minutos é uma tentativa de reconexão com a escuta do sentir.»

Num esforço de sinergia e de criação de um futuro plural, Metade dos Minutos integra, ainda, obras da autoria dos artistas plásticos Diogo Costa e Telma Pais de Faria, criadas especificamente para este contexto e materializadas nas portas do labirinto.

Como complemento a este trabalho, Ângela Rocha apresenta Mirabolante - uma instalação artística interativa, que também integrou a Representação Oficial Portuguesa na Quadrienal de Praga. É o resultado de uma atividade participativa, na qual a artista Ângela Rocha propôs aprofundar a dimensão representativa do projeto – recolhendo “visões raras” de futuro por todo o país, em estreita colaboração com a rede de Bibliotecas Municipais de cada capital de distrito. Este projeto foi possibilitado pela parceria estabelecida com a DGLAB - Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, com a Biblioteca Nacional de Portugal, a Biblioteca Municipal do Funchal e a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

Nesta atividade, foram recolhidas “previsões de futuro”, presságios, desejos e receios, mensagens utópicas ou distópicas sob a forma de texto, imagem, som ou pequenos objetos.  Estes contributos estarão acessíveis a qualquer visitante, através de uma “máquina de brindes”, cenografada ao jeito de uma bola de cristal, onde cada pessoa poderá recolher, de forma aleatória, uma cápsula transparente que contém uma “visão” única e original. «Esta atividade serve para confirmarmos uns aos outros que o futuro existe - e que será belo.»

 

PROGRAMAÇÃO PARALELA
2 março | 16h00
Conversa com a artista Ângela Rocha
Entrada livre
+ info


Descarregue AQUI a brochura da exposição

 


 

Ângela Rocha (1988 – Erada, Covilhã)
Frequentou o curso profissional Geral das Artes da Escola Artística António Arroio. É diplomada em Teatro, do curso de Design de Cena, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e foi bolseira do Programa Leonardo Da Vinci, em Roma, na Companhia Matéria Viva.

Foi assistente de Cenografia e Figurinos na companhia Artistas Unidos. Assinou trabalhos de cenografia e figurinos para encenadores como Cláudia Gaiolas, Guilherme Gomes, Gonçalo Waddington, João Pedro Mamede, Madalena Marques, Maria João Luís, Raquel Castro, Ricardo Neves-Neves, Sílvio Vieira, Teresa Coutinho, Tiago Guedes, Tiago Rodrigues, entre outros.

Marcou presença em diversos festivais a nível nacional e internacional, nomeadamente no Festival D´Avignon, com a peça António e Cleópatra, de Tiago Rodrigues. É cofundadora do Condomínio – Festival de cultura local em espaços habitacionais, num total de 8 edições. Em 2019, venceu o prémio SPA de Melhor Cenografia pelo espetáculo Sweet Home Europa, uma produção do Teatro D. Maria II. Foi a representante oficial de Portugal na Quadrienal de Praga 2023, a maior mostra internacional de artes plásticas do espetáculo.

No seu trabalho, procura aprofundar uma relação sincera entre o potencial plástico intrínseco às matérias, a sua repetição e a via da invocação mais do que uma vertente realista, num diálogo permeável ao lugar individual do público. Caracteriza-se, ainda, por construir muitas das suas conceções, o que lhe permite um lugar de permanente aprendizagem de meios e formas.