O Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida inaugura, no dia 22 de junho, às 15h00, uma exposição coletiva e multidisciplinar, com curadoria de Ana Matos, que reúne obras de artistas nascidos na década de 1970.
«Só temos o passado à nossa disposição. É com ele que imaginamos o futuro.» No ano em que se celebram 50 anos de Democracia em Portugal, a curadora Ana Matos inspirou-se nesta citação de Eduardo Lourenço e abraçou o desafio de desenvolver uma exposição consagrada à(s) liberdade(s), capaz de refletir sobre a sua atualidade, importância e complexidade no momento presente, mas também de a(s) projetar no futuro.
Através da mostra do trabalho de dezena e meia de artistas portugueses – a grande maioria nascida na década de 1970, e cujos percursos artísticos assentam num compromisso com a Humanidade, com o Homem como ser pensante e interventivo, comprometido com a natureza, a política ou o património – nasceu a exposição A liberdade e só a liberdade, patente no Centro de Arte e Cultura até ao dia 10 de novembro de 2024.
Com obras de Augusto Brázio, Cláudio Garrudo, Inês d’Orey, Mafalda Santos, Marco Franco, Martinho Costa, ±MaisMenos±, Nuno Nunes-Ferreira, Paulo Mendes, Patrícia Almeida, Pedro Pascoinho, Rui Horta Pereira, Tiago Casanova, Wasted Rita.
A liberdade e só a liberdade
Em 1821, a Inquisição foi extinta em Portugal e o Tribunal do Santo Ofício de Évora, que acolhe o Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, é dado por encerrado. A memória e a história são, no entanto, perenes, e o que 285 anos de Inquisição em Portugal representam não se apaga pelo decreto das Cortes Constituintes. São memórias (individuais) que não temos, mas que, coletivamente, não esquecemos, e que, num jogo semântico, dão título a esta exposição. Por aqui, continuam a ressoar as palavras de quem lutou por um mundo mais livre e igual, porque mais justo. Por aqui, continuamos a sentir esse passado porque, como dizia Eduardo Lourenço, “É com ele que imaginamos o futuro.”
«A liberdade e só a liberdade» encontra-se organizada em dois núcleos expositivos, entendendo-se, assim, o exercício da liberdade como duas forças, concorrentes, aglutinadoras, gregárias. Por um lado, o pensamento e a reflexão sobre o eu, os outros, os mundos, culturas e credos, raças e espécies que existem no planeta que habitamos, múltiplos sendo, ao mesmo tempo que singulares. Por outro lado, a ação, a reivindicação dos direitos e a assunção dos deveres, a pertinência do grito, ainda que em surdina, o que podendo parecer um paradoxo, é tão real por serem tantas as vozes que não chegamos a ouvir. Os artistas e as obras que aqui se apresentam assentam nessa dicotomia do Homem como ser pensante e interventivo, em um compromisso com a natureza, a política e o património.
O pensamento e ação como ferramentas na construção da Liberdade é também o desafio a que se convoca o visitante. A sua experiência será lentamente absorvida e transformada em uma outra qualquer coisa, da dimensão do intelecto e da sensibilidade. Em consciência, como por epifania, recordando o local onde nos encontramos, levantamo-nos todos na luta pel’ «A liberdade e só a liberdade».
Ana Matos, curadora da exposição
Descarregue AQUI a brochura da exposição
ATIVIDADES PARALELAS
19 outubro | 16h00
Apresentação do catálogo da exposição, seguida de conversa com a curadora, Ana Matos, e os artistas
Entrada livre
9 novembro | 17h30
Visita guiada com a curadora, Ana Matos, e artistas
Entrada livre
ANA MATOS (Lisboa, 1972)
Vive e trabalha em Lisboa.
Fundadora e directora da Salgadeiras Arte Contemporânea fundada em 2003.
Co-Fundadora e Membro da “Isto não é um Cachimbo. Associação”, fundada em 2014.
Co-Fundadora do “PIPA — Programa da Imagem e da Palavra da Azinhaga”, criado em 2021.
Co-Fundadora do “MAPA DAS ARTES”, criado em 2016.
Co-Fundadora do “Bairro das Artes — A Rentrée Cultural da Sétima Colina de Lisboa” [2010-2019].
Membro Fundador e Vice-Presidente da Direção da Exhibitio — Associação Lusa de Galeristas.
Curadora da Fundação José Saramago, desde a sua criação em 2007.
Mestre em Estudos Curatoriais, com classificação Muito Bom (18 valores) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, com a dissertação intitulada «Que galeria para o século XXI? — Uma possível reflexão», com orientação da professora Bárbara Coutinho e co-orientação do professor José António Fernandes Dias.
Formou-se em Engenharia Informática pelo Instituto Superior Técnico em 1995 e, nos anos seguintes, exerceu essa actividade a tempo inteiro. Como diretora das Salgadeiras Arte Contemporânea já apresentou mais de 150 exposições, um terço das quais "fora de portas" em parcerias nacionais e internacionais (Espanha, Grécia, República Checa, Roménia e Sérvia), com museus, centros culturais e galerias privadas. Tem desenvolvido parcerias com diversos festivais como Bairro das Artes, Festival InShadow, FOLIO — Festival Literário Internacional de Óbidos, Encontros da Imagem (Lisboa e Braga) Hay Festival (Espanha, Granada), Trienal Movimento Desenho 2012 (Lisboa) e Belgrade Photo Month (Sérvia). Conta com participações em mais de uma dezena de feiras de arte internacionais: ARCOlisboa, Drawing Room Lisboa, Photo London, Arte Santander, JUST MAD, JUST LX, e nas feiras online NOT Cancelled Portugal e Pinta Miami onde tem apresentado projetos curatoriais e específicos.
Fez ainda a curadoria de exposições em museus nacionais e outras instituições culturais das quais se destacam “Porquê?”, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em 2022, com a Coleção de Arte Contemporânea do Estado e a colecção do MNAC, e “O que é vida e o que é morte”, na Biblioteca Nacional de Portugal, em 2023.
Tem participado como “reviewer” na leitura de portefolios de festivais de fotografia como Encontros da Imagem e Imago Lisboa, bem como Júri em concursos de fotografia como Otono Fotográfico e Prémio Livro de Fotografia – Arte Deste Século.
O programa e a identidade da Galeria das Salgadeiras assenta em dois eixos que ortogonalmente se cruzam nas propostas apresentadas: por um lado, expansão e fusão de expressões e géneros artísticos, por outro, uma “contaminação positiva” com outros territórios do pensamento e sensibilidade, como a Literatura e a Poesia. De forma subjacente e transversal, encontra-se o pensamento de Zygmunt Bauman e dos seus “Liquid Times: Living in an Age of Uncertainty”.
Salgadeiras Arte Contemporânea representa Augusto Brázio, Carlos Alexandre Rodrigues, Cláudio Garrudo, Daniela Krtsch, Eva Díez, Fátima Frade Reis, Inês d’Orey, Marta Ubach, Martinho Costa, Rita Gaspar Vieira, Rui Horta Pereira e Rui Soares Costa.