14-07-2018 > 30-09-2018
VisoVox
© Fundação Eugénio de Almeida | Francisco Pereira Gomes

VisoVox

Curadoria de Manuel Portela, Américo Rodrigues e José Alberto Ferreira

Poesia visual e sonora

 

Quando as poéticas da imagem e da voz se cruzam, aproximam-se dois territórios de experimentação entre os mais fecundos do século XX, marcados por abrangentes zonas de contacto, de sobreposição e contaminação, entre si e com outras disciplinas. Em cada um dos domínios experimentais se buscaram formas de superação de convenções e de modelos canónicos de criação e difusão, ao mesmo tempo que se diversificaram os suportes à disposição dos artistas. Se a poesia visual encontrou espaço de inscrição além dos limites da página impressa e nalguns casos se libertou até da palavra como matéria primordial, a poesia sonora encontrou na voz e no corpo as suas possibilidades expressivas, servidas pelos arquivos de registos fonográfico e audiovisual que nos permitem ouvir performances e vozes do passado.

A partir de um conjunto de obras de poesia visual e sonora em múltiplos meios - analógicos e digitais -, a exposição VisoVox interroga as relações entre voz, linguagem e escrita. Mais do que dirigir a atenção para a singularidade do que se escuta e do que se vê - e para a especificidade de cada poética individual de experimentação medial -, propõe-se pensar as suas relações: relações entre voz e traço, voz e linguagem, traço e escrita, escrita e linguagem, escrita e voz.

De que modo uma interpretação vocal se relaciona com uma inscrição alfabética? E de que forma, uma e outra, se relacionam com linguagem? Como se cruzam o som da voz com o traço da escrita? Como se pode escrever o som de uma voz? Como se inscreve a língua na voz e no traço? As diferenças entre sons e as diferenças entre traços geram espaços aurais e espaços visuais de perceção. De que modo interferem entre si esses espaços de perceção, e de que modo se expandem em direções autónomas? Quando é que um traço ou um sistema de traços se tornam notação? E quando é que uma notação deixa de ser notação?

Através de uma seleção de obras produzidas nos últimos 50 anos, esta exposição interroga a tensão entre som e escrita como constituintes de espaços poéticos de perceção auditiva, verbal e visual. Ao articular poesia visual e poesia sonora, entre performatividade e inscrição, VisoVox projeta-se no cruzamento entre esses territórios. e o recurso aos meios tecnológicos de reprodução exigidos pelo material sonoro e pela documentação audiovisual dão ao CD (compact-disc), ao DVD (digital versatile disc) e a vários outros formatos stand alone e digitais um lugar central na exposição, convocando o visitante para 'ativar' as peças que neles residem.

Obras de Ana Hatherly, António Aragão, Arnaldo Antunes, Bartolomé Ferrando, Christine Wilks, David Jhave Johnston, E. M. de Melo e Castro, Enzo Minarelli, Fernando Aguiar, Franklin Valverde, Jaap Blonk, Jim Andrews, Johanna Drucker, Jörg Piringer, Jorge dos Reis, Julien Blaine, Luísa Faria, María Mencía, Miguel Azguime, Patrik Dubost, Salette Tavares, Steve McCaffery, entre outros.

 

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