O Curso de Mestrado em Práticas Artísticas em Artes Visuais, do Departamento de Artes Visuais e Design da Escola de Artes da Universidade de Évora, orienta os seus estudantes para a prática e investigação artística centradas nos interesses particulares de cada um, promovendo a exploração criativa dos instrumentos conceptuais, formais e tecnológicos, do complexo território da arte contemporânea.
A exposição Interim 2025, patente no espaço Atrium do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, apresenta os trabalhos mais significativos desenvolvidos pelas/os estudantes ao longo do primeiro ano deste ciclo de estudos de dois anos, encontrando-se estes atualmente no período interim — fase de transição entre o primeiro e o segundo ano. Os projetos expositivos apresentados assumem uma natureza transmedia, abrangendo linguagens que vão da fotografia ao desenho, do vídeo interativo e performativo à instalação e à criação de objetos. O espaço Atrium transforma-se, assim, num laboratório experimental, um lugar mediador onde as/os estudantes ensaiam a disposição e configuração das suas propostas artísticas.
A relação entre memória, espaço, arquivo e objetos do quotidiano é explorada nas esculturas habitadas de Ana Carapinha, que reconstroem narrativas em torno da figura de Elisa — pessoa com quem a família da artista partilhou laços de amizade. Através da intimidade e sensorialidade das suas assemblagens, que ora revelam, ora escondem a ausência presente de Elisa, a sua história de vida é ressignificada e projetada num presente ficcionado.
As caminhadas performáticas de Diana Mordido Aires investigam as relações entre o corpo humano, o universo botânico e o têxtil, por meio da identificação, recolha e exploração de cores, texturas, odores e sabores de espécies vegetais invasoras. Num movimento contrário ao das cronologias globalizantes e hegemónicas, propõe, através de técnicas manuais experimentais, conexões com estas espécies perseverantes e resilientes.
O espectador é convidado por Diogo Ognyanov a interagir sensorialmente, em tempo real, através de gestos simples das mãos e frequências sonoras, com ambientes visuais imersivos que exploram temas universais como o transitório e o efémero da existência humana. Num túnel virtual, formas, cores e luzes dão corpo a uma narrativa visual que flui entre o vigor intenso da existência e a serenidade da morte, em um movimento incessante.
O trabalho artístico de Katerina Belakva situa-se no cruzamento entre arte conceptual e antropologia cultural, ao analisar e desconstruir binarismos culturais contemporâneos. O sentimento de isolamento versus o de pertença é explorado em instalações transmédia que revelam a fronteira ténue entre os espaços públicos adversos e os pessoais, onde nos sentimos seguros e protegidos.
As esculturas e projeções audiovisuais de Nathalia Melo criam ambientes imersivos multissensoriais que propõem novas dimensões espaciotemporais metafísicas. As suas instalações exponenciam as percepções sensoriais propondo novos horizontes, utopias e cosmovisões que fundem o visível com o invisível, o tangível com o imaterial, e o real com o fictício.
A construção da identidade, entendida como um processo contínuo, sempre inacabado, cruzado por memórias, perdas, reencontros e fragmentos de vivências do dia-a-dia, são o foco da pesquisa de Taíssa Silva. As suas instalações autobiográficas, criadas com materiais têxteis e projeções audiovisuais, interrogam as tensões que permeiam os processos identitários.
Conscientes de que nenhum discurso pode, de facto, abarcar ou fixar os múltiplos níveis de sentido da arte contemporânea — sempre em constante movimento, transformação e reinvenção — convidamos o público a construir novas e inesperadas interpretações, diálogos, contrapontos e possibilidades nas múltiplas propostas artísticas e paradigmas criativos apresentados nesta exposição.





